Formação

Ciclo de formação “Territórios Livres, Tecnologias Livres”

Uma das etapas do projeto Territórios Livres, Tecnologias Livres foi o ciclo de formação que reuniu moradoras/es de territórios rurais e tradicionais, pesquisadoras vinculadas a essas comunidades e especialistas sobre temas como tecnologias ancestrais, redes comunitárias de internet e políticas de acesso à internet e TICs no Brasil. Além das entidades coordenadoras do mapeamento, o ciclo contou com a parceria do Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania da Universidade Federal da Bahia.

 

Foram cinco encontros entre março e maio de 2021, realizados na modalidade online.  As referências teóricas sobre ciência e tecnologia seguiram uma trilha contra-colonial, privilegiando autoras negras: Bárbara Carine, Marta Celestino, Selma Dealdina e Givânia Maria Silva foram algumas das nossas referências. Em todas as edições buscamos convidar uma maioria de facilitadoras negras e dos povos e comunidades tradicionais, no sentido de destacar a produção de saberes e fazeres territoriais.

 

A metodologia dos ciclos foi de rodas de conversa, iniciadas por místicas que cumpriam o papel de “trazer nossa alma para as rodas”. Seguia-se à mística, a exposição das facilitadoras e a escuta ativa de todas as participantes.

 

Apesar de desafiador, uma vez que as desigualdades de acesso à Internet e as TICs foi um dos principais entraves para participação no ciclo, a ocupação da internet para costurar conhecimentos entre a diversidade de povos e modos de vida foi uma imersão valiosa.

 

Entre místicas, relatos e histórias, práticas de compartilhamento da experiência vivida, foi sendo construída uma teia de diálogo entre territórios diversos (marisqueiras, indígenas, quilombolas, pescadoras, agricultoras familiares), criando conexão das lutas por justiça socioambiental; além da ética do cuidado e da responsabilidade pessoal, presente da valorização das singularidades e na autodeterminação das alternativas apresentadas pelas mulheres. Inauguramos rotas de encontros alicerçados na epistemologia feminista negra, como nos ensina a socióloga Patrícia Hill Collins (2020).

A seguir, apresentamos nossas facilitadoras e uma breve descrição dos seus trabalhos

Mãe Beth de Oxum

Iyalorixá do Ilê Axé Oxum Karê, mestra coquista e comunicadora pernambucana, com mais de 30 anos de atuação em Olinda. Há 22 anos, fundou a sambada de Coco no bairro do Guadalupe junto com seus filhos e seu companheiro, o músico Quinho Caetés. O Coco de Umbigada acontece mensalmente e é um importante movimento de valorização da cultura popular nordestina. Também é fundadora do Afoxé Filhos de Oxum, um dos primeiros a incluir mulheres na percussão.

 

Sempre atuando na luta contra o racismo, contra o preconceito religioso de matriz africana e pela democratização da comunicação.
Como percussionista, durante quase dez anos percorreu o Brasil e o mundo, tocando nas bandas de Lia de Itamaracá e Selma do Coco. É criadora do Cineclube Macaíba, que promove exibições com sentimento de pertencimento com a cultura popular. Compõem o Coletivo Mídia Livrista Nordeste Livre, que criou a Rádio Amnésia, rádio comunitária do ponto de cultura Coco de Umbigada que funciona na sua casa no Beco da Macaíba. E idealizadora do LABCOCO, um hub de tecnologias ancestrais e digitais criador do game “contos de Ifá”.

 

Em 2015, Mãe Beth recebeu a comenda da Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura, ordem honorífica dada a personalidades brasileiras e estrangeiras como forma de reconhecer suas contribuições à cultura do Brasil. Em 2017, realizou uma turnê internacional, ‘Tá na hora do pau comer’, que passou por Berlim, Viena, Frankfurt, Berna e Zurick. O Coco de Umbigada garantiu sucesso de público e crítica na Europa. E em 2021, recebeu o título de patrimônio vivo de Pernambuco, pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC). Com esse reconhecimento Mãe Beth de Oxum tornou-se a primeira Ialorixá a receber essa titulação no Brasil.

 

Referências

Matéria “Mãe Beth de Oxum é a 1º Ialorixa a receber o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco da Revista Alma Preta

Entrevista “Afrotranscentende” para o site Uol

Sobre o game “Contos de Ifá”

Givânia Maria da Silva

Pesquisadora e quilombola graduada em Letras e especialista em Programação de Ensino e Desenvolvimento Local Sustentável. Mestra em Políticas Públicas e Gestão da Educação pela Universidade de Brasília-UnB (2010-2012) e doutoranda do curso de Sociologia na mesma Universidade (2017-2020).

 

Atualmente é integrante o Núcleo de Estudos Afro-brasileiro/NEAB, Grupo de Estudo Mulheres Negras, Grupo de Estudos em Políticas Públicas, História e Educação das Relações Raciais/ GEPPHERG, Cauim(todos da UnB).

 

É um dos membros fundadores da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades NegrasRurais Quilombolas (CONAQ). Atuou como coordenadora de regularização fundiária dos territórios quilombolas no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária- INCRA (setembro de 2008-fevereiro 2015).

Entre 2015 e 2016 assumiu a Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais (Subcom), na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) no Governo Federal, para a qual levou importante contribuição no sentido de gerir a política de promoção da igualdade racial.

 

Ela é autora do livro “Educação e luta política no quilombo de Conceição das Crioulas”, publicado em 2016.

 

 

Referências

 

Entrevista “Educação como passaporte para o resgate das origens” para o Baobá (Fundo para Equidade Racial)

 

Artigo “A pobreza, a fome e a desnutrição têm rosto e cor” para o site da CONAQ

 

Pesquisa “Racismo e violência contra quilombos no Brasil”- https://terradedireitos.org.br/uploads/arquivos/(final)-Racismo-e-Violencia-Quilombola_CONAQ_Terra-de-Direitos_FN_WEB.pdf

Maria Verônica Santana

Mulher negra nordestina. Agricultora agroecologia e assentada, militante de movimentos feministas e agroecológicos e educadora popular feminista. Atualmente, assessora da Secretaria Municipal de Agricultura de Santa Luzia do Itanhi-SE.

 

Referências

Entrevista “Trilhas e saberes compartilhados no feminismo no rural: entrevista com Verônica de Santana” para a Revista Estudos Feministas

“Que outra internet é possível” participação no Podcast Batalhas Digitais

Artigo “Fazer e contar: o protagonismo das mulheres trabalhadoras rurais do Nordeste na sistematização de suas práticas agroecológicas”

Geovânia Machado Aires

Mestra em Ciência Política e Relações Internacionais pelo Cartografia Social e Política da Amazônia na UEMA – UFRRJ, 2016. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão (2013).

 

Pesquisadora do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia – PNCSA – e do grupo de pesquisa “Literatura e Antropologia: cartografias e outras formas narrativas”. Pesquisadora do projeto “Centro de Ciências e Saberes: experiência de criação de Museus Vivos na afirmação de saberes e fazeres representativos dos povos e comunidades tradicionais” coordenado pelos professores Heloísa Maria Bertol Domingues e Alfredo Wagner Berno de Almeida. Secretaria da Mulher do Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS e Assistente de Projeto ” Núcleo de Pesquisas, Estudos e Formação”- NUPEF.

 

Além disso é Secretária Municipal de Meio Ambiente de Penalva, Maranhão. Foi Secretária de Igualdade Racial de Penalva, Assessora da Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombola do Estado do Maranhão – ACONERUQ e Secretária da Mulher pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas do Brasil – CNS.

 

Referências

Artigo “Quebradeiras de Coco Babaçu na Amazônia: luta em defesa das territorialidades”

Dissertação de mestrado “EDUCAÇÃO A CÉU ABERTO E ESCOLARIZAÇÃO NO TERRITÓRIO DO  FORMOSO – um estudo etnográfico a partir dos saberes e conhecimentos tradicionais  locais como contribuição para as escolas estabelecidas nas comunidades quilombolas Olho D’água e Lagoa Mirim”

Matéria “Três novas redes comunitárias estão ajudando a proteger comunidades rurais no Brasil” do Internet Society

Marina Pita

Formada em comunicação social pela PUC-SP, trabalhou por uma década como repórter na cobertura de assuntos ligados à Tecnologia da Informação e Telecom.

 

É mestranda em Poder e Processos Comunicacionais na pós-Graduação em Comunicação na Universidade de Brasília e pós-graduanda em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) com Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

 

Associada ao Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e pesquisadora associada ao Observacom – Observatório Latinoamericano de Regulación de Medios Y Covergencia.

 

 

Referências

Artigo “Dados pessoais: proposta de minuta para informatização do SUS ignora LGPD”

Artigo “Por que as plataformas remunerarem o jornalismo não é bom”

Artigo “Interesses Privados ameaçam sequestrar a Ancine do fomento”

Adriana Bravin

Graduada em Comunicação Social (Jornalismo). Mestre em Comunicação, Imagem e Informação (UFF). Doutora em Comunicação (UFMG). É professora adjunta do Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

 

Tem experiência nas áreas de Comunicação, Jornalismo e Editoração, atuando principalmente nos seguintes temas: redação e reportagem, laboratório integrado de jornalismo, jornal laboratório, jornalismo e meio ambiente, movimentos sociais, mídia e memória, comunicação e cultura popular. Integra os grupos de Pesquisa Estudos Sociais em Linguagem, Memória e Cultura Visual (UFOP) e CAT – Grupo de Pesquisa em Cultura Audiovisual e Tecnologia (UFES).

 

Atualmente coordena o projeto de extensão “territórios atingidos e produção de vídeo como prova” em comunidades atingidas por barragens no estado de Minas Gerais.

 

Referências

Livro “‘Diferentes formas de dizer não”: Expressões de conflitos ambientais de mineração e petróleo em Portugal e na América do Sul”

Artigo “Comunicação da ciência e mobilização ou ‘quanto vale a água’?”

Artigo – “Uma escola de ativismo socioambiental: os movimentos que dizem ‘não’ à mineração no Estado de Minas Gerais”

Gabriela Monteiro Araújo

Feminista negra, possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (2009) e Especialização em Gênero, Desenvolvimento e Políticas Públicas pela UFPE (2015).

 

Atualmente é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Desde 2010 é militante do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE) – onde foi assessora por seis anos – e da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).

 

Tem experiência nas áreas de Gênero, Raça, Agroecologia, Justiça Socioambiental e participação política de mulheres.

 

 

Referências

Artigo “A coragem de ser” trabalhadora rural nordestina: narrativas de mulheres teimosamente viventes

Artigo “Relações de poder e a resiliência das feministas rurais no Nordeste”

Artigo “A Escola Feminista: uma Experiência de Pedagogia Feminista Rural no Nordeste do Brasil”

Selma dos Santos Dealdina

Quilombola do Angelim III, Território do Sapê do Norte em São Mateus/ES. Assistente Social formada pela Faculdade Anhanguera, graduanda em História (licenciatura) pela Faculdade Estácio e Gestão Financeira pela Faculdade UNIP. Foi Gerente de Política para as Mulheres do estado do Espírito Santo. Tem estado engajada ao longo dos anos em diversos coletivos e movimentos sociais, entre eles a assessoria da Coordenação Estadual das Comunidades quilombolas do Espírito Santo Zacimba Gaba; o Coletivo de Mulheres da CONAQ; Via Campesina; Núcleo da Marcha das Mulheres Negras do Espírito Santo; Comissão Espírito Santense de Folclore; Coletivo Auto-organizado de Mulheres de São Mateus -BELAS e Coalizão Negra por Direitos. É Conselheira da Anistia Internacional e Fundo Socioambiental Casa e Membro do Instituto ELIMU Professor Cleber Maciel-ES.

 

Atualmente é Secretária-executiva da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Iniciou a militância atuando no Movimento Negro CECUNES integrando o Grupo de dança afro Kanoombo. Aos 16 anos participou ativamente no Movimento Estudantil do Município de São Mateus (ES), na criação de Grêmios estudantis nas escolas: Américo Silvares, Pio XII, Polivalente São Mateus e Ceciliano Abel de Almeida. Filiada ao Partido dos Trabalhadores desde 2003, foi auxiliar de coordenação de campanha do ex-vereador Eduardo di Biazzi.

 

Referências

Artigo “Segurança Pública e Genocídio Negro no Brasil”

Artigo “Mulheres Quilombolas e o Direito a Terra”

Entrevista “Mulheres quilombolas se organizam em obra para transmissão de saberes” para o site Carta Capital

Relatorias Gráficas

01.”Tecnologias livres, Territórios Livres”: experiências e metodologias relacionadas a mapeamentos, territórios e internet

Sistematização gráfica da atividade 01

02. Se for, vá na paz: metodologias populares em tempos de pandemia

Sistematização gráfica da atividade 02

03. Redes Comunitárias de internet: o que são e como é possível construí-las?

Sistematização gráfica da atividade 03

04. Entre o Ancestral e o Digital: o que queremos ou não transformar com a tecnologia

Sistematização gráfica da atividade 04

05 . Comunicação e Território:Políticas públicas de acesso e uso das TICs e vídeo como prova deviolações de direitos.

Sistematização gráfica da atividade 05

06 . Tecnologias, Mulheres eTerritório: quais modelos de tecnologia e internet são possíveis para asmulheres e a autodeterminação dos povos tradicionais?

Sistematização gráfica da atividade 06